sábado, 4 de outubro de 2014

“JOHNNY’S GREATEST HITS”, O ÁLBUM RECORDISTA DE JOHNNY MATHIS


Johnny Mathis e o produtor Mitch Miller.
Um jovem cantor negro de 23 anos dominou a cena musical norte-americana no final da década de 50 à parte do barulho feito pelos rock’n’rollers liderados por Elvis Presley. Frank Sinatra, Nat King Cole, Dean Martin, Bing Crosby e outros assistiam (e ouviam) o desfilar de canções românticas cantadas pelo rapaz chamado Johnny Mathis. O jovem tornou-se um fenômeno musical entre aqueles que sabiam cantar de verdade. Dono de um timbre de voz único, com alcance excepcional nos agudos sem com isso machucar os tímpanos dos ouvintes, Johnny Mathis usava os falsetes deliciosamente como nenhum outro cantor fazia. O cantor novato surpreendia também pela versatilidade pois cantava igualmente bem spirituals, rhythm and blues, soul music, blues e country music. Gravando pela Columbia (CBS), com produção do diretor musical Mitch Miller, Mathis embalou os corações românticos com as belas canções que lançou e que foram reunidas em seu álbum de 1958.

O álbum que permaneceu por dez anos
entre os mais vendidos nos States.
Naquele tempo os long-playings eram uma reunião de canções que buscavam agradar o público consumidor. Algumas vezes essas canções tinham alguma relação entre si e os álbuns eram chamados de temáticos, como alguns que Frank Sinatra gravou em meados dos anos 50. Mas até então, à exceção de Elvis Presley, nenhum outro cantor conseguia gravar um long-playing composto em sua quase totalidade por seus próprios sucessos em forma de singles. Foi quando a história da música viu pela primeira vez um disco intitulado ‘Greatest Hits’. Mais exatamente “Johnny’s Greatest Hits” com os sucessos de Johnny Mathis. A rigor nem todas as doze canções desse álbum foram sucessos absolutos, mas nove delas fizeram parte das listas das mais vendidas da Billboard entre fevereiro de 1957 e junho de 1958. Foram elas: “Chances Are”, que atingiu o primeiro posto em setembro de 1957 – “It’s Not for Me to Say” – “Wonderful, Wonderful” – “A Certain Smile” – “The Twelfth of Never” – “Wild is the Wind” – “Come to Me” – “No Love (but Your Love)” – “All the Time”. Algumas dessas faixas tiveram a regência do maestro Ray Conniff e outras foram entregues ao maestro Ray Ellis. Ray Conniff (e sua orquestra) tornou-se também à época um campeoníssimo de vendas.




Nos anos seguintes Johnny Mathis continuou fazendo sucesso, se bem que muito menor que no biênio 1957/58. Foi quando Johnny gravou “Misty”, “Starbright”, “Gina”, “My Love for You”, “Warm” e “Maria”, do filme “West Side Story” (Amor, Sublime Amor”, antes ainda que o premiado musical tivesse sido lançado nos cinemas. Ainda desse filme Mathis gravou também “Tonight” e Somewhere”. Johnny Mathis gravou seu primeiro álbum em 1956, lançando outros dois long-playings em 1957 e nada menos que quatro álbuns em 1958. Um deles – “Johnny’s Greatest Hits” – iria entrar para a história da música e para o livro ‘Guinne’s Book of World Records’.
Na foto ao lado Johnny Mathis e Errol Garner, autor de Misty", canção com dezenas de gravações mas que foi  imortalizada por Mathis.


Os quatro álbuns que juntamente com "Johnny's Greatest Hits" estiveram
simultaneamente entre os mais vendidos em 1958.

O maestro-arranjador Ray
Conniff, responsável por
muitas faixas do álbum
"Johnny's Greatest Hits".
O álbum “Johnny’s Greatest Hits” chegou às paradas em 1958 permanecendo entre os long-playings mais vendidos, segundo a lista ‘Billboard Top 200’ por inacreditáveis 491 semanas. Por quase dez anos (até 1967) havia sempre um grande número de pessoas adquirindo esse disco magnífico contendo os primeiros sucessos de Johnny Mathis. O recorde de Johnny Mathis viria a ser quebrado pelo álbum “The Dark Side of the Moon”, do grupo inglês Pink Floyd, que ultrapassou a barreira dos dez anos entre os discos mais vendidos da lista da revista especializada ‘Billboard’. Mas Johnny Mathis detém ainda outro recorde que nenhum outro artista solo conseguiu até hoje, que foi manter cinco álbuns entre os 20 mais vendidos na parada norte-americana. Frank Sinatra chegou a ter quatro LPs na lista da Billboard de álbuns mais vendidos, sendo superado pelos cinco gravados por Johnny Mathis. O fato incomum se explica porque os colecionadores queriam possuir todos os discos de Johnny Mathis quando este se transformou na coqueluche da canção estadunidense.

Sinatra e Elvis
Os discos de Johnny Mathis venderam um total de 350 milhões de cópias, o que faz dele o terceiro artista norte-americano nessa categoria. Mathis fica atrás apenas de Elvis Presley (500 milhões) e Frank Sinatra (400 milhões). Estima-se que “Johnny’s Greatest Hits” tenha vendido até hoje mais de 25 milhões de cópias no mundo todo. Os singles de Johnny Mathis que ultrapassaram o milhão de cópias foram “Chances Are” e “Misty” (dois milhões de cópias cada um); “Wonderful Wonderful” e “It’s Not for Me to Say” (um milhão de cópias cada); “When a Child is Born” e “Too Much, Too Little, Too Late”, sucessos da década de 70 venderam seis milhões de cópias cada um no mundo todo.

A CBS, que editava no Brasil os discos da Columbia, decidiu lançar não o long-playing “Johnny’s Greatest Hits”, mas sim uma versão ainda mais completa dos primeiros sucessos do cantor. O álbum recebeu o título “Grandes Interpretações de Johnny Mathis”, contendo esta primorosa seleção de doze faixas:
LADO A – “Misty”, “Stranger in Paradise”, “Warm”, “Heavenly”, “Wonderful Wonderful” e “Chances Are”.
LADO B – “Gina”, “A Certain Smile”, “Faithfully”, “Wild is the Wind”, “Starbright” e “It’s Not for Me to Say”.
Esse era um tipo de álbum que rodava todas as faixas, era virado e ouvia-se o outro lado, tão bonitas são as canções, algumas delas verdadeiras preciosidades fonográficas. Lamentavelmente o controle da venda de discos no Brasil sempre deixou a desejar e é verdadeiro mistério descobrir quantas centenas de milhares de cópias “Grandes Interpretações de Johnny Mathis” teria vendido.

Agostinho dos Santos
e Johnny Mathis,
Johnny Mathis adora o Brasil, tendo estado em nossa terra inúmeras vezes, seja em apresentações ou a passeio. Mathis mantinha grande amizade com Agostinho dos Santos, cantor que muito admirava e com quem cantou muitas de nossas canções, ainda que nenhum registro fonográfico haja desses momentos. E Johnny gosta demais de cantar músicas brasileiras, especialmente aquelas que cantava com o amigo Agostinho. Nascido em 30 de setembro de 1935, em Gilmer, no Texas, com o nome John Royce Mathis, Johnny tinha outros seis irmãos. Sua família mudou-se quando ele era ainda criança para São Francisco onde cedo seu talento vocal foi descoberto. Johnny destacou-se nos esportes na San Francisco State University. Sua especialidade era o salto em distância, modalidade que praticava ao mesmo tempo em que cantava em night-clubs. E Johnny somente não se transformou em atleta olímpico porque foi convidado pela Columbia Records para gravar em Nova York. O resto é uma bela história de recordes fonográficos.

Mathis, astro
amador do golfe.
Aos 79 anos de idade Johnny Mathis continua a se apresentar, isto quando não está recebendo alguma das dezenas de honrarias por sua brilhante carreira como cantor. Inúmeras vezes Mathis recebeu o prêmio Grammy ou foi homenageado por essa academia, tendo sido conduzido ao Hall da Fame do Grammy. Em 2014 foi a vez de Johnny Mathis ser conduzido ao Great American Songbook Hall of Fame, cerimônia que também conduziu igualmente Nat King Cole. Que companhia, para o criador de “Chances Are”! Mathis foi durante algum tempo viciado em álcool e drogas, o que é estranho pois sempre foi um ávido jogador de tênis. Nos últimos anos trocou esse esporte pelo golfe no qual é destacado jogador, tanto que há torneios que levam seu nome em Los Angeles e mesmo em Belfast, na Irlanda. Outro hobby de Johnny Mathis é a culinária, tendo sido lançado um livro com suas receitas. Tendo gravado perto de 100 álbuns, Johnny Mathis é um homem rico, mas a maior riqueza foi ter embalado momentos inesquecíveis de tantos fãs, especialmente com seu álbum “Johnny’s Greatest Hits”, um verdadeiro Golden Record.

Entrega de mais um prêmio a artistas da canção vendo-se
Johnny Mathis, Andy Williams, Barry Manillow e Pat Boone.

Homenagem a Charles Chaplin com a presença de Jack Nicholson,
Johnny Mathis, Jane Fonda e Sammy Davis Jr.

Johnny Mathis durante uma de suas várias apresentações no Brasil.

Milionário da música, com seus mais de 350 milhões de discos vendidos,
Johnny Mathis pode se dar ao luxo de possuir uma Mercedes Benz SL 550.

Johnny Mathis, que completou 79 anos em 30 de setembro último.

14 comentários:

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  3. Darci, quero felicita-lo pelo seu belíssimo trabalho na elaboração deste blog.
    Pouquíssimas pessoas, são dotadas de tão marcante sensibilidade musical como vc!!!
    Espero que continue postando outros intérpretes importantes, como os que aki se encontram.
    Forte e afetuoso abraço.

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  4. òtimo comentário Darci fonseca vale lembrar que Kit o pequeno Sheriff,teria amesma idade de John Matis

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  6. Adoro o Johnny Mathis. Mas o "meu" Johnny Mathis vai até 1964/65, no máximo.

    Quando surgiu Mathis vinha na esteira da geração anterior de grandes crooners da canção americana: Sinatra, Tony Bennett, Johnny Hartman, Mel Tormé, Dick Haymes, Nat King Cole etc.

    Cantava quase o mesmo repertório e tinha os mesmos excepcionais arranjadores. Com o bônus de que acrescentava à essas canções uma voz diferenciada.

    Seus dois ou três primeiros discos agradam os mais exigentes conhecedores da musica americana daquele período, como o brasileiro Jorge Cravo, o Cravinho. (Vide o seu excepcional livro: O Caçador de Bolachas Perdidas.)

    Já para o final dos anos 60 Johnny entrou de cabeça num pop mais diluído, sua maneira de cantar ficou melíflua ao extremo, maneirosa, e a voz anasalada demais, quase uma caricatura. Sem contar um vibrato super acentuado.

    Mas gosto de um álbum seu dos anos 80 ao lado de Henry Mancini cantando alguns clássicos de trilhas sonoras para cinema.

    Claro, estou apenas externando minha opinião. Talvez eu apanhe dos "mathismaníacos", mas antes quero reiterar que há uma fase dele que gosto demais.

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  7. Amo Johhy Mathis .Acompanhosua carreira desde 1960.De uns anos pra ca nao escuto mais este mara
    vilhoso cantor.Mas sei que ele faz ainda muito sucesso la fora.Gostaria de conhecer suas interpretacoes mais atuais...

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  8. Canta pra cassete esse cara, o conheci dês de criança através do meu pai....

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  9. Ele é o Hors Concours dos USA. Ninguém disputa com ele!!!!!!!
    He is ABSOLUT!!!!!!

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  10. Conheci Johnny e tenho até uma foto com ele. Eu atuava no teatro em O Leque de Lady Windermere, de Oscar Wilde e tive o prazer de recebê-lo no meu camarim levado pelas mãos da Myriam Muniz. Grande Mathis.

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  11. Para mim ele é Hors Concours. Não tem ninguém para competir com ele. Amo-o apaixonadamente!!! A tristeza que eu tenho é, não poder vê-lo cantar ao vivo e em cores. Ele esqueceu do Brasil. Uma pena!!!!!

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