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Johnny Mathis e o produtor Mitch Miller. |
Um jovem cantor negro de 23 anos
dominou a cena musical norte-americana no final da década de 50 à parte do
barulho feito pelos rock’n’rollers liderados por Elvis Presley. Frank Sinatra, Nat
King Cole, Dean Martin, Bing Crosby e outros assistiam (e ouviam) o desfilar de
canções românticas cantadas pelo rapaz chamado Johnny Mathis. O jovem tornou-se
um fenômeno musical entre aqueles que sabiam cantar de verdade. Dono de um
timbre de voz único, com alcance excepcional nos agudos sem com isso machucar
os tímpanos dos ouvintes, Johnny Mathis usava os falsetes deliciosamente como
nenhum outro cantor fazia. O cantor novato surpreendia também pela versatilidade
pois cantava igualmente bem spirituals, rhythm and blues, soul music, blues e
country music. Gravando pela Columbia (CBS), com produção do diretor musical
Mitch Miller, Mathis embalou os corações românticos com as belas canções que lançou
e que foram reunidas em seu álbum de 1958.
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O álbum que permaneceu por dez anos
entre os mais vendidos nos States. |
Naquele tempo os long-playings eram uma
reunião de canções que buscavam agradar o público consumidor. Algumas vezes
essas canções tinham alguma relação entre si e os álbuns eram chamados de
temáticos, como alguns que Frank Sinatra gravou em meados dos anos 50. Mas até
então, à exceção de Elvis Presley, nenhum outro cantor conseguia gravar um
long-playing composto em sua quase totalidade por seus próprios sucessos em
forma de singles. Foi quando a
história da música viu pela primeira vez um disco intitulado ‘Greatest Hits’.
Mais exatamente “Johnny’s Greatest Hits” com os sucessos de Johnny Mathis. A
rigor nem todas as doze canções desse álbum foram sucessos absolutos, mas nove
delas fizeram parte das listas das mais vendidas da Billboard entre fevereiro
de 1957 e junho de 1958. Foram elas:
“Chances Are”, que atingiu o primeiro posto em setembro de 1957 – “It’s Not for
Me to Say” – “Wonderful, Wonderful” – “A Certain Smile” – “The Twelfth of
Never” – “Wild is the Wind” – “Come to Me” – “No Love (but Your Love)” – “All
the Time”. Algumas dessas faixas tiveram a regência do maestro Ray
Conniff e outras foram entregues ao maestro Ray Ellis. Ray Conniff (e sua
orquestra) tornou-se também à época um campeoníssimo de vendas.
Nos anos seguintes Johnny Mathis
continuou fazendo sucesso, se bem que muito menor que no biênio 1957/58. Foi
quando Johnny gravou “Misty”, “Starbright”, “Gina”, “My Love for You”, “Warm” e
“Maria”, do filme “West Side Story” (Amor, Sublime Amor”, antes ainda que o premiado
musical tivesse sido lançado nos cinemas. Ainda desse filme Mathis gravou
também “Tonight” e Somewhere”. Johnny Mathis gravou seu primeiro álbum em 1956,
lançando outros dois long-playings em 1957 e nada menos que quatro álbuns em
1958. Um deles – “Johnny’s Greatest Hits” – iria entrar para a história da
música e para o livro ‘Guinne’s Book of World Records’.
Na foto ao lado Johnny Mathis e Errol Garner, autor de Misty", canção com dezenas de gravações mas que foi imortalizada por Mathis.
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Os quatro álbuns que juntamente com "Johnny's Greatest Hits" estiveram simultaneamente entre os mais vendidos em 1958. |
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O maestro-arranjador Ray
Conniff, responsável por
muitas faixas do álbum
"Johnny's Greatest Hits". |
O álbum “Johnny’s Greatest Hits” chegou
às paradas em 1958 permanecendo entre os long-playings mais vendidos, segundo a
lista ‘Billboard Top 200’ por inacreditáveis 491 semanas. Por quase dez anos
(até 1967) havia sempre um grande número de pessoas adquirindo esse disco
magnífico contendo os primeiros sucessos de Johnny Mathis. O recorde de Johnny
Mathis viria a ser quebrado pelo álbum “The Dark Side of the Moon”, do grupo
inglês Pink Floyd, que ultrapassou a barreira dos dez anos entre os discos mais
vendidos da lista da revista especializada ‘Billboard’. Mas Johnny Mathis detém
ainda outro recorde que nenhum outro artista solo conseguiu até hoje, que foi
manter cinco álbuns entre os 20 mais vendidos na parada norte-americana. Frank
Sinatra chegou a ter quatro LPs na lista da Billboard de álbuns mais vendidos,
sendo superado pelos cinco gravados por Johnny Mathis. O fato incomum se
explica porque os colecionadores queriam possuir todos os discos de Johnny
Mathis quando este se transformou na coqueluche da canção estadunidense.
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Sinatra e Elvis |
Os discos de Johnny Mathis venderam um total de 350
milhões de cópias, o que faz dele o terceiro artista norte-americano nessa
categoria. Mathis fica atrás apenas de Elvis Presley (500 milhões) e Frank
Sinatra (400 milhões). Estima-se que “Johnny’s Greatest Hits” tenha vendido
até hoje mais de 25 milhões de cópias no mundo todo. Os singles de
Johnny Mathis que ultrapassaram o milhão de cópias foram “Chances Are” e
“Misty” (dois milhões de cópias cada um); “Wonderful Wonderful” e “It’s Not for
Me to Say” (um milhão de cópias cada); “When a Child is Born” e “Too Much, Too
Little, Too Late”, sucessos da década de 70 venderam seis milhões de cópias
cada um no mundo todo.
A CBS, que editava no Brasil os discos da Columbia,
decidiu lançar não o long-playing “Johnny’s Greatest Hits”, mas sim uma
versão ainda mais completa dos primeiros sucessos do cantor. O álbum recebeu o
título “Grandes Interpretações de Johnny Mathis”, contendo esta primorosa
seleção de doze faixas:
LADO A –
“Misty”, “Stranger in Paradise”, “Warm”, “Heavenly”, “Wonderful Wonderful” e
“Chances Are”.
LADO B – “Gina”,
“A Certain Smile”, “Faithfully”, “Wild is the Wind”, “Starbright” e “It’s Not
for Me to Say”.
Esse era um tipo de álbum que rodava
todas as faixas, era virado e ouvia-se o outro lado, tão bonitas são as
canções, algumas delas verdadeiras preciosidades fonográficas. Lamentavelmente
o controle da venda de discos no Brasil sempre deixou a desejar e é verdadeiro
mistério descobrir quantas centenas de milhares de cópias “Grandes
Interpretações de Johnny Mathis” teria vendido.
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Agostinho dos Santos
e Johnny Mathis, |
Johnny Mathis adora o Brasil, tendo
estado em nossa terra inúmeras vezes, seja em apresentações ou a passeio.
Mathis mantinha grande amizade com Agostinho dos Santos, cantor que muito
admirava e com quem cantou muitas de nossas canções, ainda que nenhum registro
fonográfico haja desses momentos. E Johnny gosta demais de cantar músicas
brasileiras, especialmente aquelas que cantava com o amigo Agostinho. Nascido
em 30 de setembro de 1935, em Gilmer, no Texas, com o nome John Royce Mathis,
Johnny tinha outros seis irmãos. Sua família mudou-se quando ele era ainda
criança para São Francisco onde cedo seu talento vocal foi descoberto. Johnny
destacou-se nos esportes na San Francisco State University. Sua especialidade
era o salto em distância, modalidade que praticava ao mesmo tempo em que
cantava em night-clubs. E Johnny somente não se transformou em atleta olímpico
porque foi convidado pela Columbia Records para gravar em Nova York. O resto é
uma bela história de recordes fonográficos.
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Mathis, astro
amador do golfe. |
Aos 79 anos de idade Johnny Mathis
continua a se apresentar, isto quando não está recebendo alguma das dezenas de
honrarias por sua brilhante carreira como cantor. Inúmeras vezes Mathis recebeu
o prêmio Grammy ou foi homenageado por essa academia, tendo sido conduzido ao
Hall da Fame do Grammy. Em 2014 foi a vez de Johnny Mathis ser conduzido ao
Great American Songbook Hall of Fame, cerimônia que também conduziu igualmente
Nat King Cole. Que companhia, para o criador de “Chances Are”! Mathis foi
durante algum tempo viciado em álcool e drogas, o que é estranho pois sempre
foi um ávido jogador de tênis. Nos últimos anos trocou esse esporte pelo golfe
no qual é destacado jogador, tanto que há torneios que levam seu nome em Los
Angeles e mesmo em Belfast, na Irlanda. Outro hobby de Johnny Mathis é a
culinária, tendo sido lançado um livro com suas receitas. Tendo gravado perto
de 100 álbuns, Johnny Mathis é um homem rico, mas a maior riqueza foi ter
embalado momentos inesquecíveis de tantos fãs, especialmente com seu álbum
“Johnny’s Greatest Hits”, um verdadeiro Golden Record.
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Entrega de mais um prêmio a artistas da canção vendo-se Johnny Mathis, Andy Williams, Barry Manillow e Pat Boone. |
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Homenagem a Charles Chaplin com a presença de Jack Nicholson, Johnny Mathis, Jane Fonda e Sammy Davis Jr. |
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Johnny Mathis durante uma de suas várias apresentações no Brasil. |
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Milionário da música, com seus mais de 350 milhões de discos vendidos, Johnny Mathis pode se dar ao luxo de possuir uma Mercedes Benz SL 550. |
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Johnny Mathis, que completou 79 anos em 30 de setembro último. |
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ResponderExcluirDarci, quero felicita-lo pelo seu belíssimo trabalho na elaboração deste blog.
ResponderExcluirPouquíssimas pessoas, são dotadas de tão marcante sensibilidade musical como vc!!!
Espero que continue postando outros intérpretes importantes, como os que aki se encontram.
Forte e afetuoso abraço.
òtimo comentário Darci fonseca vale lembrar que Kit o pequeno Sheriff,teria amesma idade de John Matis
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ResponderExcluirAdoro o Johnny Mathis. Mas o "meu" Johnny Mathis vai até 1964/65, no máximo.
ResponderExcluirQuando surgiu Mathis vinha na esteira da geração anterior de grandes crooners da canção americana: Sinatra, Tony Bennett, Johnny Hartman, Mel Tormé, Dick Haymes, Nat King Cole etc.
Cantava quase o mesmo repertório e tinha os mesmos excepcionais arranjadores. Com o bônus de que acrescentava à essas canções uma voz diferenciada.
Seus dois ou três primeiros discos agradam os mais exigentes conhecedores da musica americana daquele período, como o brasileiro Jorge Cravo, o Cravinho. (Vide o seu excepcional livro: O Caçador de Bolachas Perdidas.)
Já para o final dos anos 60 Johnny entrou de cabeça num pop mais diluído, sua maneira de cantar ficou melíflua ao extremo, maneirosa, e a voz anasalada demais, quase uma caricatura. Sem contar um vibrato super acentuado.
Mas gosto de um álbum seu dos anos 80 ao lado de Henry Mancini cantando alguns clássicos de trilhas sonoras para cinema.
Claro, estou apenas externando minha opinião. Talvez eu apanhe dos "mathismaníacos", mas antes quero reiterar que há uma fase dele que gosto demais.
Amo Johhy Mathis .Acompanhosua carreira desde 1960.De uns anos pra ca nao escuto mais este mara
ResponderExcluirvilhoso cantor.Mas sei que ele faz ainda muito sucesso la fora.Gostaria de conhecer suas interpretacoes mais atuais...
Canta pra cassete esse cara, o conheci dês de criança através do meu pai....
ResponderExcluirUm dos maiores q o mundo já viu.
ResponderExcluirEle é o Hors Concours dos USA. Ninguém disputa com ele!!!!!!!
ResponderExcluirHe is ABSOLUT!!!!!!
Conheci Johnny e tenho até uma foto com ele. Eu atuava no teatro em O Leque de Lady Windermere, de Oscar Wilde e tive o prazer de recebê-lo no meu camarim levado pelas mãos da Myriam Muniz. Grande Mathis.
ResponderExcluirPoste a foto!!!!!!
ExcluirPara mim ele é Hors Concours. Não tem ninguém para competir com ele. Amo-o apaixonadamente!!! A tristeza que eu tenho é, não poder vê-lo cantar ao vivo e em cores. Ele esqueceu do Brasil. Uma pena!!!!!
ResponderExcluirAmo muitíssimo!!!!
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