O riff inicial de “Pretty Woman” é o mais
marcante do rock ‘n’ roll e é impossível não se deixar contagiar pelo envolvente e trepidante andamento
da canção. E mais que em qualquer outra música cantada por Roy Orbison ele está
radiante e mais feliz que nunca. Rei dos melodramas soturnos e tristes
que foram a marca maior de sua carreira como cantor, Orbison fala em “Pretty
Woman” de uma mulher quase irreal de tão linda. Mulher irresistível com seu
olhar, sorrir e caminhar. Essa mulher era Claudette Orbison, a própria esposa
de Roy.
Roy Orbison com o amigo Bill Dees. |
O vídeo acima mostra uma participação especial de Roy Orbison na série
*The Dukes of Hazzard", que no Brasil foi exibida como "Os Gatões".
Ao final de alguns episódios um grande nome da música country interpretava um
sucesso na taverna "Ninho do Javali". Por ali passaram Willie Nelson, Loretta Lynn
e muitos outros. Ao lado de Roy está uma verdadeira 'pretty woman', a atriz
Catherine Bach, a 'Daisy Duke' que encantava a pequena Hazzard.
Nascida em
1941, Claudette Frady acompanhava Roy Orbison em seus shows desde que tinha 16 anos. Mais
velho que ela cinco anos, Roy e Claudette se casaram em 1958 e foi nesse ano
que ela se tornou mais conhecida que o marido. Foi quando a dupla The Everly Brothers alcançou o primeiro lugar do hit
parade com o single “All I Have to do is Dream”, cujo lado B era a música
“Claudette”. Essa deliciosa canção foi composta por Roy Orbison que, ainda pouco
conhecido como cantor, preferiu entregá-la aos irmãos Don e Phil Everly. Depois de um começo
de carreira difícil, especialmente porque o envergonhado Roy Orbison não possuía a
boa pinta de Elvis, Ricky Nelson, Pat Boone e outros, Orbison estourou com
“Only the Lonely”, em 1959, ganhando seu primeiro disco de ouro pelo milhão de cópias vendidas. Em 1961 Roy fez ainda mais sucesso com “Running Scared”
e “Crying”. Mas seu estilo diferente de cantar mesclando sua voz de tenor com o uso primoroso de falsetes, interpretando canções de amor angustiadas, fizeram de Roy um grande ídolo na Inglaterra. E foi numa dessas tournês que Roy
fazia na Inglaterra, confiando que Claudette estava tomava conta direitinho dos
três filhos, que aconteceu uma infidelidade da esposa do cantor. Claudette
estava incumbida também de comandar a construção de uma bela casa em
Hendersonville, no Tennessee. Ela levou tão a sério a tarefa que acabou se
envolvendo com o construtor, com quem teve um caso que chegou ao conhecimento
do marido. Claudette já havia anteriormente tido outros amantes nas ausências
de Roy, mas o caso com o construtor acabou em divórcio. A separação ocorreu em
novembro de 1964, paradoxalmente quando “Pretty Woman” era cantada no mundo inteiro.
Roy Orbison e Claudette, sua bonita e pouco fiel esposa. |
Roy Orbison
tinha paixão por automóveis e por motocicletas. Em 1965 o cantor estava na
Inglaterra quando sofreu um acidente de moto indo parar num hospital com o tornozelo fraturado e a
perna engessada. Enquanto convalescia Roy recebeu a visita de Claudette no
hospital e decidiram voltar a viver juntos, casando-se mais uma vez. Em 1966 Roy e
Claudette passeavam de motocicleta quando a máquina em que ela estava foi
atingida por um caminhão. A queda foi fatal para Claudette que faleceu nos braços do marido em 6 de
julho de 1966. Mais ainda do que a canção “Claudette”, a
esposa de Roy o inspirou para compor e cantar o maior sucesso de sua vida que
foi “Pretty Woman”. Outra tragédia marcaria a vida do viúvo Roy Orbison quando,
em 1968, sua casa se incendiou matando seus dois filhos mais velhos, escapando
apenas o filho menor. Roy vendeu o que restou da casa para Johnny Cash. Em 1969 Roy
se casou novamente. A nova esposa era uma jovem alemã de 21 anos chamada Barbara Jakobs, com
quem Roy teve dois filhos e com quem viveu até falecer aos 52 anos em 1988.
Barbara, por sua vez, faleceu em 2011, aos 60 anos de idade.
Acima Roy na infância, na adolescência e no início de carreira. Abaixo em duas fotos com Claudette. Na foto maior está Barbara Orbison e os dois filhos que Roy teve com ela. |
Bill
(William Marvin) Dees, o amigo e letrista de Roy Orbison em quase uma centena
de canções, entre elas “Pretty Woman”, faleceu em 2012, aos 73 anos. Bill Dees
compôs com Roy “It’s Over”, outro grande sucesso de Orbison, além de canções
interpretadas pelos mais famosos cantores da country music. Não se sabe quem
fez o que em “Pretty Woman”, mas como autor dos versos da pequena historinha da
moça que sai para passear, certamente a beleza de Claudette Orbison deve ter
inspirado não apenas o marido, mas também o amigo Bill Dees. Roy Orbison
começou sua carreira de cantor na Sun Records, ao lado de Elvis Presley, Carl
Perkins e Jerry Lee Lewis que também começaram suas carreiras ali, guiados por Sam Phillips. Não conseguindo sucesso na Sun Records, Roy Orbison
assinou contrato com a Monument Records, onde seu talento explodiu e ele vendeu
bastante e ganhou muito dinheiro. Em 1967 Orbison assinou um contrato muito
vantajoso com a MGM Records, com a promessa de fazer filmes, assim como Elvis
vinha fazendo. O único filme que Orbison fez como ator foi “A Guitarra Mais
Rápida do Mundo”, que poderia ser chamado também de ‘o fracasso mais rápido do
mundo’.
Após deixar a MGM Records, Roy Orbison passou
por diversas gravadoras, não conseguindo mais se reencontrar com o sucesso, o
que só aconteceria no final de sua vida. Quando os Beatles e Roy Orbison excursionaram
pela Inglaterra juntos, em 1963, na primeira noite, após se apresentarem, os quatro
jovens músicos de Liverpool ficaram extasiados durante todo o show de Roy, assistindo e imaginando como um homem podia cantar como ele. Roy Orbison sempre teve muitos
admiradores, alguns deles celebridades do mundo da música, gente como Bruce
Springsteen, os Bee Gees, Bono Vox, Bob Dylan e muitos outros. Quando eles
começaram a falar da influência que sofreram de Orbison, ou da admiração pelo
cantor de “Crying”, as novas gerações passaram a prestar mais atenção em Orbison.
Barry Gibb chegou a dizer que "...se Deus tivesse que ter uma voz essa voz seria a
de Roy Orbison". Em 1988 foi formado o quinteto chamado The Traveling Wilburys
(Orbison, Bob Dylan, George Harrison, Jeff Lynne e Tom Petty). Pretendendo apenas se divertir, gravaram um disco antológico que ganhou diversos prêmios e ficou um ano entre os álbuns
mais vendidos. Adivinhem qual voz se sobressai entre todas ouvidas no disco?
O cinema
também ajudou na (re)descoberta de Orbison, a partir de “Veludo Azul”, em que
os dopadíssimos Dean Stockwell e Dennis Hopper ouvem “In Dreams”, numa
sequência felliniana criada pelo diretor David Lynch. E finalmente em 1990
Hollywood iria assistir ao conto de fadas moderno intitulado “Uma Linda
Mulher” (“Pretty Woman” no original), embalado pela vibrante canção cantada por
Roy Orbison. Milhões de vezes, em todos os cantos do mundo, o riff de “Pretty
Woman” introduzia a voz inconfundível e admirável de Roy Orbison, com direito a
grunhido e gargarejo, coisa que nenhum cantor faria sem cair no ridículo. Com o sucesso estrondoso do filme estrelado por Julia Roberts e Richard Gere, Roy Orbison voltou a gravar, a se apresentar mais vezes e a vender muitos discos novamente. “Mistery Girl”, seu
último álbum gravado em 1988, é o melhor de sua carreira, tendo a impecável produção de Jeff Lynne
e é verdadeiramente antológico. É o disco que contém “You Got It”, a música
preferida por nove entre dez publicitários e tantas vezes usada em propagandas.
Tudo indicava que Roy Orbison faria muitos outros discos para emocionar os
amantes da boa música. Porém em 6 de dezembro de 1988, após passar o dia
brincando de aeromodelismo com seus filhos e após ter jantado com sua mãe em
Hendersonville, o coração de Roy Orbison parou de funcionar. Roy sofreu um
fulminante ataque cardíaco, falecendo aos 52 anos. A melhor frase sobre Roy Orbison pode ser aquela expressa por Elvis Presley:
“Roy Orbison, e não eu, é o grande cantor do rock ’n’ roll”.
Parceiro, há alguns pequenos equívocos em seu texto! Mas o maior deles se dá quando você aponta que Roy teria voltado a gravar, por conta do sucesso atingindo com a canção-tema de 'Uma Linda Mulher'. A Voz já havia morrido ao final de 1988, dois anos antes do lançamento do filme!
ResponderExcluirMas, de resto, tu fizeste um bom texto! Parabéns! Somos grandes admiradores de uma dos maiores cantores de todos os tempos!
Olá, Ludantropo
ResponderExcluirVocê tem razão ao apontar o equívoco. O próprio texto desmente que Roy tenha voltado a gravar em razão do sucesso do filme, uma vez que o último disco de Roy data de 1988 e Uma Linda Mulher somente seria lançado dois anos depois. A retomada da carreira de Roy veio depois de Veludo Azul que tem na trilha a incrível canção In Dreams.
Darci
Ser ídolo do Elvis, Beatles, Bee Gees, Bob Dylan e cia só poderia ser posto daquele que pra mim é o melhor cantor da história. R.I.P. Roy Orbison
ResponderExcluirGOSTEI DA MÚSICA DO ARTISTA E PRINCIPALMENTE DE CATHERINE BACH ACHEI ELA LINDISSIMA CHEIA DE CHARME COM UMA ROUPA DECENTE POIS NAQUELA ÉPOCA NÃO EXISTIA ESSA BAGUNÇA DA MULHER MOSTRAR O CORPO TODO QUASE NÚ E UMA CABEÇA VAZIA SEM ESPIRITUOSIDADE NENHUMA E NEM BELEZA INTERNA E NEM CHARME.
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